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Funai monta ‘comitê de crise’ contra ataques a índios no Maranhão

Autarquia ligada ao Ministério da Justiça prestará assistência a índios feridos; governador compartilhou carta de pedido recusado de ajuda em 2016

Indios da etnia Gamela (Viana, no Maranhão) sofrem ataque na nova retomada de terra que estavam fazendo no municício de Viana. Cerca de 200 homens amarmados com armas de fogo homens com facões e paus. Há cerca de 10 feridos, os casos mais graves que estão sendo transferidos para a capital do estado São Luís. Os indígenas afirmam que o ataque já estava sendo organizado independente de acontecer ou não a retomada, pois havia um grupo que se auto intitulara "movimento pela paz" que estava incitando moradores do povoado Santeiro. A rádio local estava abrindo espaço para políticos contrários a retomadas, darem entrevistas - criando um ambiente de animosidade nos últimos dias.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que vai montar um “comitê de crise” nesta terça-feira para lidar com os desdobramentos dos atos de violência ocorridos neste último domingo, quando indígenas do Povoado das Bahias, no município de Viana (MA), foram alvos de ataques de pistoleiros.

“A Coordenação Regional de Imperatriz [da Funai] já está mobilizada tomando todas as providências necessárias no caso”, declarou a autarquia, por meio de sua assessoria de comunicação. “A procuradoria da Funai está em contato direto com o delegado do município de Viana e nossos servidores acompanharão in loco o inquérito a partir de amanhã. Também será formado amanhã pela manhã um comitê de crise com os diretores e o presidente da Funai para prestar toda a ajuda necessária aos feridos e garantir o cumprimento da lei”, informou a fundação, vinculada ao Ministério da Justiça.

Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), chega a 13 o total de feridos. O número é desmentido pelo Governo do Maranhão, que fala em sete pessoas feridas. Cinco indígenas foram transferidos durante a noite de ontem e a madrugada de hoje para o Hospital Socorrão 2, Cidade Operária, na capital São Luís.

Carta

O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), usou as redes sociais para publicar documentos nos quais afirma que já tinha pedido ajuda da Funai sobre os conflitos com o povo gamela em agosto de 2016. Em outubro, aponta uma carta da autarquia, o governo foi informado que não seriam feitos estudos sobre o processo de demarcação de terras na região porque a Funai não tinha recursos nem equipe técnica para tocar os trabalhos.

Flavio afirmou que, ao contrário do que foi divulgado pelo Cimi e pela Comissão Pastoral da Terra, indígenas não teriam tido membros decepados durante o conflito de domingo. “Até agora não houve nenhuma vítima com mãos decepadas. Continuamos procurando e cuidando dos 3 hospitalizados”, afirmou no Twitter.

O governador confirmou haver sete vítimas de violência e que, no momento, nenhuma delas corre risco de morte. “Dos sete, três ainda estão internados”, declarou. “Se políticos tiverem participado ou instigado atos de violência, o governo do Maranhão vai pedir investigação nas instâncias competentes”, afirmou Dino. “Repudio qualquer violência, sejam ou não indígenas. Tudo será apurado pela Polícia e entregue ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.”

(Com Estadão Conteúdo)

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Elias Lacerda

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Elias Lacerda
Jornalista apaixonado pela notícia e a verdade