Conheça o caso da mulher que foi comprar picanha ‘mito’ a 22 reais e morreu

Assista ao vídeo acima do SBT e leia o texto abaixo do G1

 

O perfil de Yeda Batista, de 46 anos, teve que ser bloqueado no Instagram pela filha depois de receber ataques de desconhecidos na última semana. Yeda morreu no domingo de eleição (2) depois de tentar comprar a “picanha mito”, vendida a R$ 22 o quilo, em referência ao presidente Jair Bolsonaro (PL) em Goiânia. Houve tumulto no Frigorífico Goiás. Ela teve uma perna prensada, desenvolveu hemorragia e morreu horas depois em um hospital.

Desde então, a rede social dela tem recebido ataques, em sua maioria envolvendo comentários políticos, do tipo: “Morreu por ser gado”.

“Sempre que sai uma reportagem ou uma publicação, saem comentários ofensivos, envolvendo política. A minha família está muito fragilizada. Ter que ler esses comentários é muito cruel com todos nós”, desbafou uma filha, que preferiu não ser identificada.

 Perfil de mulher que morreu após tumulto por ‘picanha mito’ recebe ataques na internet, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/Instagram

A jovem contou ainda que o frigorífico não ligou nem prestou qualquer tipo de apoio após a morte da mãe. “Mas não vamos baixar a cabeça.

O Frigorífico Goiás foi procurado diversas vezes pela reportagem do g1 após a morte de Yeda Batista. Em todas as ocasiões, uma funcionária disse que “a empresa não vai se pronunciar”.

A filha relatou que houve desorganização da empresa no dia da promoção. “Não tinha uma fila estabelecida. Não entregaram senha para organizar o atendimento e ainda abriram as portas uma hora depois do que foi anunciado”, comentou.

Tumulto e busca por atendimento

A filha de Yeda Batista explicou que a mãe e o pai se programaram para chegar cedo ao frigorífico justamente para evitar tumulto e comprar carnes para um churrasco que fariam em comemoração ao aniversário de 71 anos da avó.

A vítima, que era empresária, tinha uma doença autoimune que afetava os rins e a circulação de sangue no corpo.

O marido de Yeda contou que ela acabou sendo prensada contra uma porta, se sentiu mal e decidiu esperar por ele no carro.

Quando o homem voltou, percebeu que a perna da esposa estava muito inchada e ela reclamava muito de dor. O casal, então, voltou para casa.

O marido contou que saiu para votar, mas Yeda ligou dizendo que seguia com muitas dores. Ele retornou e a levou a um hospital para receber os primeiros atendimentos.

Os médicos, então, a transferiram para uma unidade especializada em angiologia, pois o problema era vascular. A mulher, porém, não resistiu e morreu devido a uma hemorragia.

Familiares registraram boletim de ocorrência relatando a morte para a Polícia Civil. O caso foi registrado inicialmente como morte acidental.

Suspeita de propaganda irregular

No mesmo dia, o juiz eleitoral Wilton Muller Salomão determinou a suspensão da promoção e da divulgação da venda.

“A venda de carne nobre em preço manifestamente inferior ao praticado no mercado, no valor de R$ 22, revela indícios suficientes para caracterizar, em sede de um juízo não exauriente, conduta possivelmente abusiva do poder econômico em detrimento da legitimidade e isonomia do processo eleitoral”, escreveu o magistrado.

Em entrevista ao g1, um especialista em justiça eleitoral informou que o desconto de mais de R$ 100 no kg de picanha pode ser configurado como um “incentivo” ao eleitor votar em Bolsonaro.

“Pode ser um elemento para incentivar o voto. Claro que deve ser analisado, mas pode ser configurado crime de corrupção eleitoral”, disse.

Propaganda em helicóptero

No último dia 27 de setembro, o Ministério Público Eleitoral pediu a condenação e o pagamento de multa de R$ 20 mil contra o cantor Gusttavo Lima e o frigorífico por propaganda eleitoral irregular em um helicóptero.

Em maio deste ano, o MP Eleitoral foi noticiado de que havia, no heliponto da loja Frigorífico Goiás, no Bairro Setor Sul, em Goiânia, um helicóptero totalmente adesivado nas cores verde e amarelo, com a mensagem “Bolsonaro Presidente”.

Em nota, o advogado Cláudio Bessas, da Balada Eventos, informou que o helicóptero em questão não pertence ao cantor Gusttavo Lima, mas ao proprietário do Frigorífico Goiás. O sertanejo teve contrato de uso de imagem com a empresa, que já foi encerrado. “Portanto, não há qualquer responsabilização do cantor diante de tal fato”, diz o comunicado.

Elias Lacerda

Jornalista apaixonado pela notícia e a verdade

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