Delegado preso no Rio de Janeiro tentou armar operação para prejudicar prefeito que foi eleito


Rio – O delegado Maurício Demétrio (na foto acima) foi acusado de tentar armar duas operações falsas, uma delas contra o então candidato a prefeito do Rio Eduardo Paes, com a intenção de influenciar no resultado das eleições. O caso veio à tona após o Ministério Público do Rio (MPRJ) analisar o conteúdo de celulares do ex-titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), preso por corrupção, em junho deste ano. Demétrio foi o principal alvo da segunda fase de uma operação deflagrada pelo MPRJ na última quarta-feira (22). O conteúdo das mensagens foi exibido no último domingo (26) no Fantástico, da TV Globo.

Segundo a reportagem, no dia 23 de novembro de 2020, às vésperas do segundo turno, Demétrio fez chegar ao conhecimento do delegado da Polícia Federal Victor Cesar Carvalho dos Santos a notícia de que, no dia seguinte, um portador não identificado entregaria a Paes dinheiro de origem desconhecida. Nas mensagens, Demétrio mandou uma foto do suposto envelope que seria entregue, com notas de R$ 50 e R$ 100. Os promotores descobriram que foi o próprio delegado que tirou a foto de um dos seus celulares. Em depoimento, Santos diz que desistiu da operação ao saber quem era a fonte.

O prefeito Eduardo Paes (na foto logo acima) fez uma série de postagens no Twitter após a exibição da matéria no Fantástico. “Mais um vagabundo travestido de ‘Estado’ e defensor da lei. O outro vocês já sabem quem é e foi mais bem sucedido em 2018. Esse não conseguiu. O outro era ‘brother’ do ex-juiz 171. Esse safado tinha a mulher nomeada na prefeitura do Bispo Crivela. E o casal ganhou muito dinheiro do povo carioca para financiar tanta safadeza. Foram R$ 319.925,37 pagos com dinheiro público para pagar a conta de mais uma armação”, disse Paes, que acrescentou:

“Tenho certeza que nossa secretaria de Governo e Integridade pública através do secretário Marcelo Calero vai reaver esse dinheiro para os cofres públicos. Eles são fracos e corruptos. Usam o Estado e o cargo que tem para fraudar o processo político e difamar seus adversários. Mas eles não passarão. Vagabundos! Delinquentes!”.

Na manhã desta segunda-feira, Paes voltou a falar sobre o assunto e ainda expôs que a esposa de Demétrio, Verlaine da Costa Pereira Alves, ocupava o cargo de Consultora Jurídica, na Companhia de Engenharia de Tráfego, da CET-Rio. “Adivinha aonde a mulher desse sujeito estava nomeada? Isso mesmo, no governo do Bispo. Certamente o secretário Marcelo Calero vai reaver aos cofres públicos os quase 320 mil reais que receberam do dinheiro do povo carioca pelas mãos do Bispo. Todos vagabundos!”.

Demétrio foi apontado também como o mentor de uma operação falsa, realizada em março, com a intenção de obstruir e enfraquecer investigações que já estavam em andamento contra ele e seu grupo. Demétrio chegou a envolver e prender em flagrante o delegado Marcelo Machado, quem justamente o investigava.

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Maurício apontou Marcelo Machado como “operador de um grupo criminoso composto por outros quatro delegados”, que supostamente confeccionavam roupas falsas. Machado, que na época estava lotado no Setor de Investigações Complexas, investigava justamente a atuação de Demétrio.

A denúncia do MPRJ aponta que o grupo de Demétrio forjou conversas de WhatsApp se passando por interessados em adquirir camisetas fabricadas pela confecção que pertence a Marcelo Machado e seu sócio, Alfredo Dias Babylon. Os produtos encomendados foram usados para incriminar Machado na operação falsa. O Gaeco, no entanto, percebeu que a representação contra Machado foi feita e apresentada em data anterior à encomenda das camisas, antes mesmo de elas existirem. Machado foi solto após pagamento de fiança.

O caso veio à tona em junho, quando Maurício Demétrio foi preso durante a operação ‘Carta de Corso’ por suspeita de cobrar propina de comerciantes de produtos falsificados em Petrópolis. Na época, a polícia encontrou no apartamento dele R$ 225 mil em dinheiro vivo, e três carros de luxo blindados, além de 12 celulares.

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Dossiê com dados sigilosos

A partir desses aparelhos, os promotores descobriram outras tentativas de extorsão e chantagens que teriam sido cometidas pela quadrilha de Demétrio. Na nova fase da operação, constataram que Demétrio determinava que policiais, inclusive Adriano da Rosa, preso esta semana, fizesse um levantamento ilegal de dados restritos de inúmeros cidadãos, entre eles autoridades e seus familiares.

“O que se descobriu nessa nova fase da investigação foi que Maurício Demétrio utilizando-se de policiais sob a sua responsabilidade, inclusive Adriano, que foi denunciado nessa nova fase, fazia uso abusivo dos sistemas de consulta da Polícia Civil”, disse a promotora Juliana Amorim.

Entre as vítimas, segundo a reportagem, estão o ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio Luiz Zveiter e sua mulher, Gabriela Brito Zveiter, assim como Glauco Costa Santana, filho da promotora Gláucia Santana.

O delegado responde pelos crimes de organização criminosa, obstrução de Justiça, concussão – que é a cobrança de propina -, lavagem de dinheiro e violação do sigilo funcional.

Em nota enviada para o Fantástico, o advogado de Maurício Demétrio disse que o delegado nunca foi chamado pelo Ministério Público para esclarecer quaisquer fatos.

A Polícia Civil informou que os fatos investigados aconteceram antes da atual gestão e que a corregedoria está acompanhando o processo criminal de Maurício Demétrio.

 

De O Dia

Elias Lacerda

Jornalista apaixonado pela notícia e a verdade

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