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Túnel do Tempo: – O Arraiá do “João Joca” – versão 2018 – no povoado Bonitinho

POR GIL ALVES DOS SANTOS

1 – VINTE DE JUNHO DE DOIS MIL E DEZOITO. QUARTA-FEIRA. DEZENOVE HORAS. Para os padrões rurais até que a estrada Timon x Canoa x Bonitinho eu diria, está ótima. Reunidos, fomos nós – este escriba, a Angélica, A Maria Helena, o Betim, o Naty, a Marileide e a Maria José, para o povoado BONITINHO, distante nove quilômetros da GENESIOLÂNDIA para participarmos do “ARRAIÁ DO JOÃO JOCA – VERSÃO 2018” – uma animada festa junina com a participação das escolas municipais, tanto do povoado quanto da Região:- Bonitinho, Tapera, Alagadiço, Gameleira, além de outras. A maestrina e regente dessa folia era a animada professora ROSA MARIA TAVARES, coadjuvada pela secretária CILENE SOARES DA SILVA. A recepcionista do evento, e o fazia com competência e simpatia, era a professora FRANCISCA SOARES, que de microfone em punho transmitia alegria e vibração aos presentes. A DONA ILNÁ, também estava presente, vibrando com os dançarinos em suas piruetas, do alto de seus OITENTA E UNS ANOS. A ALDENORA, também oitentona estava firme na animação. A poeira foi suavizada pela grama do espaço aonde as festividades se realizavam.

2 – O forró com as canções tipicamente juninas de nosso Sertão, cedeu lugar ao som digital dos “notebuques” com enormes paredes de som, comandadas por um expert ao lado da arena dos folguedos, indicando que a modernidade, com Luan Santana e parceiros, não se restringe às cidades. Sanfona, zabumba e triângulo, infelizmente, já são “coisas” do passado. Quem não gostaria de ouvir, por exemplo, a inesquecível toada-canção, NOITES BRASILEIRAS, da dupla famosa, Luiz Gonzaga e Zé Dantas, assim:- “Ai que saudades que eu tenho/Das noites de São João/Das notes tão brasileiras das fogueiras/Sob o luar do sertão/Meninos brincando de roda/Velhos soltando balões/Moços em volta da fogueira/Brincando com o coração/Eita, São João dos meus sonhos/Eita, saudoso sertão…ai…ai.”

3 – Mas a galera constituída de jovens, turbinada pelo som mecânico, não demonstrava a menor preocupação em saber se o embalo era de Gonzaguinha, Gonzagão, Luan Santana ou Wesley Safadão. Por isso a animação corria solta. E para alimentar o corpo, pois, ninguém é de ferro, a mesa estava farta, repleta de bons e gostosos acepipes:- mucunzá gostoso, abóbora assada na fogueira – que ardia alí bem próxima, macaxeira, paçoca, jerimum e, porque não, com tira-gosto de uma boa rapadura, penso que da Região.

4 – Uma enorme faixa colorida dizia que o evento/espaço tinha o título de “ARRAIÁ DO JOÃO JOCA-2018”, um ilustre cidadão de épocas passadas, de quem já falei aqui neste Túnel. Tudo bem organizado e muita disciplina, tem início o desfile dos blocos do animado folguedo. Noivos e noivas para todos os gostos à frente seus respectivos treinadores. Foi emocionante a exibição e o consequente desfile dos blocos do Veríssimo, do Bonitinho, da Tapera, Unidade Benedita Pereira de Sousa. As crianças dessas Comunidades, novamente e melhor ainda do que no ano passado, deram um show à parte, pela espontaneidade, forma de apresentação, harmonia, disciplina. Como no ano passado, observei que a pequena KERLÂNIA, repetindo a performance passada, agora com 10 anos de idade, não apenas dançava, mas flutuava, tal a sua leveza, como se um beija-flor, convencida de sua importância e bem desempenhar sua atuação no grupo. Ela, nada obstante a pouca idade, continua fantástica. Brilhante. No Rio de Janeiro, com a maioridade, se bem treinada, ela ocuparia o posto de Porta Bandeira de uma escola de samba. Com certeza, com o brilho de uma Selminha Sorriso, uma Vilma Nascimento.

5 – Não me contive e puxei uma boa prosa com o professor e dirigente da Escola Pindorama do Sertão, ANTONIO GONÇALVES DA SILVA FILHO, originária do povoado Santa Luzia, de Matões (MA). Não é fácil, com tanta deficiência, pobreza franciscana, ser mestre numa escola localizada no sertão desassistido deste nosso Maranhão. Só a abnegação justifica o peso de tamanha responsabilidade. No final, ANTONIO FILHO, não se negou em pousar para uma foto, com máquina fotográfica de verdade, clicada por este escrevinhador. Renovei a minha emoção, pois, ao fundo da arena estava e continua o Grupo Escolar que frequentei lá pelos anos de 1950, como morador da Tapera, hoje bem merecedora do título que lhe dar o nome.

6 – Do bloco “EXPLODE CORAÇÃO”, com um bom número de participantes, louve-se sua excelente desenvoltura e performance, com destaque para o Grupo teatral que, numa igreja imaginária, com a obrigatória presença do Padre, celebrou o casamento de uma noiva já “buchuda” tendo o pai brabo com uma faca peixeira na cintura, surdo aos pedidos de clemência do sacerdote, frente a frente com o noivo.

7 – Parabéns à Rosa Maria Tavares e todo o seu “staf” de excelentes professores, professoras, colaboradores e colaboradoras. Saibam que de minha curta passagem nos bancos da Escola dessa Comunidade – e se fosse um Grupo? – guardo boas e saudosas recordações, revividas na noite deste vinte de junho de 2018. Não tínhamos, como hoje, ônibus escolares. Carro? Só um ou outro puxado por “bois erados”, claro que do fazendeiro da região, o que me faz lembrar a canção CARRO DE BOI, de 1953, composição de Capiba (Lourenço da Fonseca), na voz de Linda Batista (Florinda de Oliveira), com os seguintes versos:-

“Cadê os carros de boi

“Dos meus tempos de criança?

“Cadê os cantos dolentes

“Dos carreiros de meu pai?

“Ora cantando

“Ora chorando

“Pelas estradas empoeiradas.”

7 – Ao ELIAS LACERDA, os sinceros agradecimentos. Gil Alves dos Santos ([email protected]), telefone 86-9(9972-0524), bacharel em Direito, bancário aposentado do Banco do Brasil, é colaborador ocasional DO BLOG DO ELIAS LACERDA.

1 Comentário

  1. Com essa narrativa, bateu saudade do ano de 1999 a 2003 quando ia para o

    Bonitinho passar a semana santa.Jogava muita bola por lá.

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Elias Lacerda

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Jornalista apaixonado pela notícia e a verdade