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Gaúcha vence disputa judicial e recupera bens doados à Igreja Universal

Hoje, após ter perdido boa parte dos seus bens, ela ainda diz acreditar em Deus, mas não professa nenhuma religião

Há onze anos atrás, a gaúcha Carla Dalvitt passara por problemas financeiros, o que a fez frequentar a Igreja Universal do Reino de Deus. Em meio às várias despesas, a exemplo do Palio que comprou para levar o filho à escola e o desejo ter uma casa própria. Hoje, ela diz que a esperança depositada na instituição neopentecostal converteu-se em pesadelo. A informação é da BBC.
O Templo de Salomão, sede mundial da Igreja Universal, concluído em 2014, custou R$ 680 milhões (Foto: Divulgação)
Carla relata que foi obrigada pela congregação religiosa a doar tudo o que tinha. Ficou sem dinheiro, sem carro e, também, alvo de maus comentários na cidade onde mora, Lajeado, no interior do Rio Grande do Sul. Segundo a entrevista dada, ela diz ter mudado de ideia, mas a Igreja se recusou a ressarcir suas doações.
Carla diz que foi levada a frequentar a Igreja Universal após ver pastores falando pela televisão. A gaúcha lembra que eram mensagens positivas, de prosperidade e esperança. Além disso, muitas pessoas falavam em depoimentos que tinham saído da crise financeira.
A partir das desilusões, ela resolveu que iria acionar judicialmente a Universal, solicitando os valores e bens, além de uma indenização por danos morais. Há seis anos, em 2012, a igreja de Edir Macedo foi condenada a pagar R$ 20 mil e devolver o valor relativo à parte dos bens que a mulher afirma ter doado. A decisão foi confirmada pelo STJ semana passada, mas ainda cabe recurso.
As doações se davam na base do medo. Segundo Carla, “eles” sempre diziam que uma maldição aguardava quem prometeu e não doou. Ela relata que ficou pensando na maldição, com medo. Neste ritmo, vendeu um carro por valor abaixo da média do mercado e doou o dinheiro à igreja. Deu também um colchão, um computador, dois aparelhos de ar condicionado que vendia em sua loja, um fax, uma joia, uma impressora e móveis da cozinha que sua mãe havia acabado de comprar. Todas as doações foram escondidas da família.
Após o marido ter descoberto, brigou com a esposa, tentando alertá-la para o que estava fazendo com o que construíram.
No processo, a Universal argumenta que não há comprovação da doação de itens como as joias e o dinheiro do carro – o que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul acatou. Em contato com a BBC, por meio de nota, a igreja disse ainda que  “o dízimo e todas as doações recebidas pela Universal seguem orientações bíblicas e legais, e são sempre totalmente voluntários e espontâneos”.
Carla fechou sua loja, está sem carro, numa situação pior que a anterior. Por sorte, diz, uma pessoa a deu um emprego, o que está lhe permitindo uma reconstrução. Ela ainda diz acreditar em Deus, mas não professa nenhuma religião.

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Elias Lacerda

Elias Lacerda

Elias Lacerda
Jornalista apaixonado pela notícia e a verdade