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Atirador de elite mata sequestrador de ônibus no Rio: Bolsonaro diz que “não tem que ter pena”

Sequestrador é baleado após manter reféns em ônibus
Sequestrador é baleado após manter reféns em ônibus Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Ana Carolina Torres
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Após mais de 3h de cerco, um sequestrador identificado como Willian Augusto da Silva, que manteve como reféns os passageiros de um ônibus que levava 37 pessoas na Ponte Rio-Niterói, foi morto por um atirador de elite do Bope na manhã desta terça-feira. “O paciente chegou em parada cardiorrespiratória e foi constatado o óbito pela equipe médica do hospital (Souza Aguiar)”, informou por meio de nota a Secretaria Municipal de Saúde.

Agentes das polícias Militar e Rodoviária Federal (PRF) cercaram o veículo, na pista sentido Rio, por volta de 6h30. Em entrevista ao Bom Dia Rio, o porta-voz da Polícia Militar, coronel Fliess, informou que o bandido portava uma arma de brinquedo.

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Reféns que estavam no ônibus afirmaram que o sequestrador teria dito que sofria de depressão. Por volta de 9h, o homem saiu do ônibus apontando uma arma para a cabeça de um refém, foram ouvidos disparos e policiais foram vistos comemorando. O sequestrador foi baleado e caiu na escada do ônibus.

– Essa é a polícia que queremos ver. Foi necessário o disparo do sniper para neutralizar o marginal e salvar as pessoas do ônibus. Ele está em obito no local – afirmou Fliess.

Por volta de 9h40, o governador Wilson Witzel pousou de helicóptero na Ponte Rio-Niterói. Ele deixou a aeronave comemorando, com um dos braços estendidos para o alto, e foi saudado por pessoas que estavam no local. Entre eles, um policial do Bope, que abraçou o governador.

– Vou cumprimentar meus homens primeiro – disse o governador antes de falar com a imprensa.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou a jornalistas na manhã desta terça-feira que “não tem que ter pena” quanto ao uso de atiradores de elite em ações policiais. Bolsonaro relembrou o sequestro do ônibus 174, no dia 12 de junho de 2000, no Jardim Botânico, Zona Sul da cidade, quando uma vítima morreu durante a ação policial. Na ocasião, segundo o presidente, não houve o uso de atirador de elite pela Polícia Militar do Rio de Janeiro.

— Não foi usado sniper. O que aconteceu? Morreu uma pessoa inocente, e depois esse vagabundo morreu no camburão. Os policiais do camburão foram submetidos a júri popular. Foram absolvidos por 4 a 3. Quase você condena dois policiais, condena a 30 anos de cadeia. Não tem que ter pena — afirmou Bolsonaro.

Witzel chega ao local do sequestro após a ação
Witzel chega ao local do sequestro após a ação Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Durante entrevista o governador do Rio classificou o trabalho da PM como “muito técnico”:

– O meu papel como governador é fazer com que tudo funcione. E funcionou – disse Witzel.

Minutos antes de Witzel chegar à Ponte, uma ambulância chegou ao Hospital Souza Aguiar trazendo uma pessoa ferida no episódio da Ponte e protegida por uma manta térmica. O coletivo é da linha 2520 (Jardim Alcântara – Estácio), da Viação Galo Branco. As pistas nos sentidos Rio e Niterói foram totalmente interditadas por conta do cerco policial. Por volta das 10h45, o trânsito foi reaberto. O Centro de Operações Rio (COR) orienta que as pessoas utilizem as barcas como alternativa.

Homem armado faz reféns em ônibus na Ponte Rio-Niterói
Homem armado faz reféns em ônibus na Ponte Rio-Niterói Foto: Fabiano Rocha

O criminoso chegou a sair algumas vezes de dentro do veículo. Ele usava calça preta, blusa branca, um boné e um lenço também preto que escondia parte do rosto. Segundo a porta-voz da PRF, além de uma arma de brinquedo, ele também portava uma faca, uma arma de choque e um galão com gasolina. A investigação do caso ficará a cargo da Delegacia de Homicídios de Niterói.

De acordo com a porta-voz da PRF, Sheila Sena, o homem ameaçou jogar gasolina no ônibus. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram ao local e iniciaram a negociação com o sequestrador. Quatro mulheres e dois homens foram liberados antes do fim do sequestro. Uma das reféns passou mal ao ser liberada por volta de 8h15.

Momento em que um dos reféns que estava no ônibus é liberado
Momento em que um dos reféns que estava no ônibus é liberado Foto: Fabiano Rocha / Agência OGlobo

Segundo o porta-voz da Polícia Militar, coronel Mauro Fliess, havia 31 reféns no veículo às 9h. Por volta das 6h, o ônibus da Viação Galo Branco ficou atravessado na Ponte Rio-Niterói. De acordo com o Bom Dia Rio, o sequestrador deu ordem para que o coletivo fosse atravessado na subida do vão central. Em seguida, mandou o motorista estacionar no acostamento, onde há um cerco policial.

O governador Wilson Witzel publicou uma mensagem no Twitter às 8h42 sobre o caso. “Estou acompanhando desde cedo, com atenção, o sequestro do ônibus na Ponte Rio-Niterói. Estou em contato direto com o comando da Polícia Militar, que trabalha para encerrar o caso da melhor maneira possível. A prioridade absoluta é a proteção dos reféns”, escreveu ele.

A Viação Galo Branco informou que soube do sequestro por outro motorista, que seguia atrás do ônibus onde estão os reféns. Ele ligou para a empresa avisando que viu quando o homem armado rendeu seu colega de profissão.

A linha da Viação Galo Branco faz o trajeto do Jardim Alcântara, em São Gonçalo, na Região Metropolitana, e vai até o Estácio, na região Central do Rio. Ela é a única linha que cobre os bairros do Rocha, Columbandê, Lindo Parque e Galo Branco em direção ao Rio.

Passageiros à pé na Ponte

Após a interdição das quatro faixas da Ponte, alguns passageiros seguiram a pé de volta para Niterói.

— Não tenho como ficar aqui parado. Vou tentar ver se consigo recuperar o tempo perdido — disse o engenheiro Rafael Oliveira, de 40 anos.

Estação Araribóia lotada nesta manhã, após interdições na Ponte
Estação Araribóia lotada nesta manhã, após interdições na Ponte Foto: Márcio Alves

Assis Viana, de 61 anos, é gerente de um restaurante em Copacabana e seguia de táxi vindo de Alcântara, em São Gonçalo, onde mora. Próximo ao pedágio, pagou a corrida e resolveu voltar a pé para pegar a barca.

– Nunca vi nada disso. A situação lá em cima está horrível. Tudo completamente parado. Fiquei uma hora dentro do carro. Decidi descer porque preciso abrir o restaurante.

As barcas operam em sitema normal, mas há pelo menos o dobro de passageiros usando o transporte. Segundo a concessionária CCR Barcas, na estação Araribóia as embaracações saem no intervalo de 10 minutos ou após lotação. Já em Charitas, o intervalo é de 20 minutos, também com saída antecipada após lotação.

Do jornal Extra, do Rio de Janeiro

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Elias Lacerda

Elias Lacerda

Elias Lacerda
Jornalista apaixonado pela notícia e a verdade