O livro ‘O Boato’, de autoria do jornalista Eneas Barros, lançado há poucos dias em Teresina, possui algumas entrevistas e depoimentos esclarecedores sobre o Caso Fernanda Lages, a jovem estudante morta em um prédio do ministério público federal e que até hoje não se sabe quem foi o assassino.
Uma das entrevistas é a de Eliardo Cabral, que foi uma das principais, digamos, ‘personagens’ deste caso. Promotor hoje aposentado, foi ele quem mais apareceu dando entrevistas afirmando haver um “assassino” de Fernanda Lages.
“Tem um assassino sim, do pé 42, que é um figurão, é do PMDB, é engenheiro e viajou para Fortaleza”. Essa é uma das afirmações feitas por Eliardo Cabral, sempre alimentando parte da imprensa e, claro, a família de Fernanda Lages, que lamentava a morte precoce de uma jovem que até hoje nunca foi totalmente explicada.
Fernanda tinha 19 anos e foi encontrada morta no prédio em obras do Ministério Público Federal, na avenida João XXIII, zona leste de Teresina, no dia 25 de agosto de 2011. Nas minuciosas e longas investigações feitas pelas Polícias Civil e Federal, não confirmou-se a tese de assassinato do promotor.
Eliardo, junto com Ubiraci Rocha, que continua promotor, mas desistiu recentemente do Caso Fernanda Lages alegando terem sumido com uma parte do processo –vale ressaltar que a parte ‘sumida’ já foi encontrada– não aceitou o resultado e o Caso Fernanda Lages até hoje segue em aberto no MP. A família é quem mais sofre.
Voltando ao que disse Eliardo Cabral no livro ‘O Boato’, ele hoje retira muito do que disse naquela época (cerca de 150 entrevistas só em emissoras de televisão do Piauí). Pastor evangélico, ele recebeu Eneas Barros em sua residência. Ainda acredita que Fernanda Lages foi assassinada, mas demonstra um certo arrependimento ao dizer que de certa forma suas falas influenciaram bastante a imprensa. Foi um discurso inquisitório, reconhece, entretanto se defende de que possa ter criado fatos inverídicos.
A fala dos promotores –especialmente Eliardo Cabral– foi, na visão do autor, o que mais endossou a matéria publicada pelo jornalista Arimateia Azevedo em 31/08/2011, no Portal Az do jornalista Arimateia Azevedo, intitulada ‘GPS aponta o engenheiro Jivago Castro como o principal suspeito de matar Fernanda’. Foi a partir desta matéria que Eneas Barros decidiu dar tom ao livro ‘O Boato’. A citada reportagem acusava o engenheiro Jivago Castro de ser o responsável pela morte de Fernanda Lages.
Jivago Castro ficou marcado após a publicação da matéria, segundo o livro de Eneas, e pelas acusações dos promotores que ganharam grande credibilidade em um período em que as redes sociais e seus impulsionamentos ganhavam corpo. O engenheiro se viu obrigado a se defender, conceder entrevistas e teve que comparecer à sede da Polícia para dar seu depoimento. É que, por mais que não houvesse qualquer prova contra ele, muitos ficaram com a imagem de que Jivago era o tal assassino. Aliás, até hoje há quem ache isso por culpa da matéria e do que disseram os promotores.
Passados quase seis anos, tanto Eliardo, aposentado, como Ubiraci, que abandonou o caso, evitam falar do Caso Fernanda Lages. Eliardo, procurado pela reportagem do OitoMeia por telefone, disse que não fala mais sobre isso. “Não é mais comigo”, limitou-se a falar por telefone. Ubiraci não atende as ligações do portal e evita responder as perguntas enviadas por email e via WhatsApp. Ubiraci, aliás, saiu do caso em plena sexta-feira de Carnaval, dia 24 de fevereiro deste ano. A família tinha esperança que ele revelasse o assassino que tanto anunciou.
Todo este contexto serve para explicar o que disse Eliardo Cabral a Eneas Barros: “O engenheiro Jivago Castro é inocente. Ele foi injustamente acusado por setores da imprensa”. Sem citar que setores seriam esses, ele apenas disse que não gostaria de entrar em polêmica com o jornalista Arimateia Azevedo, ao ser perguntado pelo autor do livro ‘O Boato’. O ex-promotor, porém, acusa o jornalista de ainda hoje sustentar a tese de que Jivago Castro seria o responsável pela morte de Fernanda Lages. “O Arimateia Azevedo sustenta, por alguma razão, que Jivago implicado. E não é”, disse Eliardo no livro de Eneas. O ex-promotor revelou ainda que investigou Jivago Castro o máximo que pôde e que não encontrou absolutamente nada que pudesse envolve-lo no caso. “Eu jamais acusaria uma pessoa inocente numa denúncia. Muito menos o engenheiro Jivago Castro”, pontuou Eliardo. Procurado pela reportagem, o engenheiro Jivago Castro disse que não pretende se pronunciar sobre o Caso Fernanda Lages e num momento oportuno falará com toda a imprensa.
Confira as páginas com a entrevista completa de Eliardo Cabral:
portal oitomeia