Joabe de Almeida, que atuava como gari em Santo Afonso, a 266 km de Cuiabá, passará a comandar a prefeitura do município a partir do dia 1º de janeiro do ano que vem. O trabalhador de 46 anos foi eleito prefeito do município de pouco mais de 2 mil habitantes, com 1.088 votos. Ele deixou a profissão há um ano.
Antes de trabalhar como gari, Joabe já exerceu a função de coveiro e a de garimpeiro. Ele não se envergonha nem um pouco das funções que exerceu e disse se orgulhar das conquistas depois das dificuldades enfrentadas no trabalho como gari. “Ia atrás pegando tambor, sacola de lixo e jogando tudo no caminhão”, lembra.
Quando não estava atrás do veículo ajudando na coleta, Joabe estava em cima do caminhão recebendo os detritos e organizando-os na caçamba. O carro usado para retirar o lixo não é adequado para o trabalho, segundo ele. “Tinha colega que não tinha estômago para subir, mas eu ficava”, disse.
A função, para ele, é o menos importante. “Independentemente do que se faz, tem que se fazer bem feito”, afirmou. Enquanto era contratado somente para coletar o lixo, Joabe passou a limpar as ruas e capinar terrenos baldios do município.
Joabe já chegou a exercer a função de gari e coveiro ao mesmo tempo. De acordo com ele, um certo dia o coveiro do município teve que se ausentar e ele começou a abrir as covas, a mando do então prefeito. Por dois anos, ele exerceu as duas funções.
Como vereador, de 2004 a 2008, ele afirmou que começou a ganhar a confiança da população e resolveu se candidatar ao cargo de prefeito nas últimas eleições. Joabe disse que, ao todo, gastou R$ 5 mil na campanha eleitoral. “[A campanha] foi tudo muito humilde. No ‘boca a boca’, na confiança”, explicou.
Antes de ser empossado no cargo, Joabe contou que já começou a cuidar da cidade e convocou um mutirão de limpeza nos bairros. Com a ajuda de amigos, retirou entulhos, limpou terrenos e calçadas. “Sou um homem humilde, tenho garra e determinação. Creio que foi por isso que o povo se aproximou de mim”, afirmou.
No dia 1º de janeiro de 2017, ele deve tomar posse. Em caso da necessidade de um gari ou coveiro, ele enfatizou que poderá atuar nessas funções. “Nem que seja para ir com o sapato brilhoso de prefeito, mas irei”, disse. O próximo projeto de Joabe a ser realizado é concluir o ensino superior.
Ele começou a fazer sociologia em uma universidade à distância, mas trancou o curso. Agora, disse que pretende concluí-lo.
À Justiça Eleitoral, Joabe declarou como ocupação motorista de veículos de transporte de cargo e um patrimônio de R$ 293.217,04. O maior bem móvel é uma casa de alvenaria, localizada no Centro da cidade, avaliada em R$ 200 mil.
(Blog Luis Cardoso)