A divulgação sem qualquer cuidado por parte da polícia federal sobre os resultados da operação Carne Fraca estão causando enormes a economia brasileira que tem na carne um dos seus principais produtos de exportação. Esta segunda-feira tem sido um dia péssimo para o setor no país. A Comissão Europeia disse hoje que está monitorando as importações de carne do Brasil e que todas as empresas envolvidas em um escândalo de carne ilegal terão acesso negado ao mercado da União Europeia temporariamente. O nome de nenhuma empresa foi citado.
“A Comissão garantirá que quaisquer dos estabelecimentos implicados na fraude sejam suspensos de exportar para a UE”, disse o porta-voz da Comissão Europeia Enrico Brivio em coletiva de imprensa regular.
Questionado sobre o tipo de carne envolvida na investigação – e que terá a compra suspensa -, o porta-voz afirmou que, de acordo com relatos iniciais, trata-se de frango, em sua maior parte.
O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador. O setor vendeu para mais de 150 países no ano passado e agora se preocupa com os impactos negativos do esquema de venda de carne supostamente adulterada.
China, Coreia do Sul e Chile também anunciaram uma suspensão temporária das importações, segundo agências internacionais. O governo brasileiro e as representações locais dos países foram procurados, mas ainda não se manifestaram.
Operação Carne Fraca
Na última sexta-feira (17), uma investigação da Polícia Federal apontou um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos no país. No total, são 21 empresas investigadas, entre elas as maiores do setor, mas apenas 3 frigoríficos foram interditados.
Policiais envolvidos – 1,1 mil
Prisões preventivas – 26
Prisões temporárias -11
Total de busca contra pessoas – 111
Total de buscas contra empresas – 70
Empresas investigadas – 21 (entre elas 3 foram interditadas)
A operação envolve grandes empresas, como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas, mas também frigoríficos menores, como Mastercarnes e Peccin, do Paraná.
O governo brasileiro vai acelerar o processo de auditoria nos estabelecimentos citados na operação, mas o Ministério da Agricultura afirmou que ‘não existe risco’ sanitário pelo consumo de carne no país.
Para tentar tranquilizar os países que importam do Brasil, o presidente Michel Temer convidou embaixadores para um churrasco em restaurante de Brasília no último domingo.
Reações
A Comissão Europeia acrescentou que o escândalo da carne não terá qualquer impacto nas negociações em curso entre a União Europeia e o Mercosul, no qual os dois lados esperam chegar a acordos sobre livre comércio.
O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e o Itamaraty foram procurados, mas ainda não se pronunciaram sobre as afirmações da União Europeia.
O ministro da Agricultura Blairo Maggi confirmou a informação de que a China, a Coreia e a União Europeia devem mesmo suspender a importação de carne das unidades investigadas.
O ministro terá uma conferência com as autoridades da China para discutir esse assunto, segundo o comentarista. O governo quer trabalhar para que o embargo fique restrito somente às 21 unidades investigadas; e não a todas unidades exportadoras.
Coreia do Sul
A Coreia do Sul também disse nesta segunda-feira que vai intensificar a fiscalização de carne de frango importada do Brasil e banir temporariamente as vendas de produtos da BRF. De acordo com a agência Reuters, as informações estão em um comunicado do Ministério da Agricultura sul-coreano.
O ministério disse que fornecedores brasileiros de carne de frango terão que enviar um certificado de saúde emitido pelo governo brasileiro. Mais de 80% das 107.400 toneladas de frango importadas pela Coreia do Sul no ano passado vieram do Brasil, sendo quase metade fornecida pela BRF.
Por meio de nota, a BRF informou que não foi notificada oficialmente a respeito dessa “suposta suspensão” e por isso não vai se manifestar.” A companhia reitera que cumpre todos os padrões exigidos pelas autoridades brasileiras e dos países em que opera.”
O governo brasileiro e a embaixada da Coreia do Sul foram procurados, mas ainda não se pronunciaram.
China
A China também disse ter suspendido temporariamente, como “medida de precaução”, a importação de carne brasilera depois do escândalo revelado na semana passada, de acordo com fontes ouvidas pela agência Reuters.
O Ministério da Agricultura confirmou que recebeu um pedido de informação da China sobre a operação Carne Fraca. “A partir disto, as cargas do Brasil que chegarem nos portos daquele país ficam retidas nestes terminais, à espera destas explicações”, afirmou em nota.
A embaixada da China no Brasil foi procurada, mas ainda não enviou comunicado.
Chile
O Chile decidiu também suspender temporariamente a importação da carne bovina brasileira, até que o mercado brasileiro esclareça se há frigoríficos autorizados a exportar a carne para o país e até que se esclareça eventuais impactos nas importações do Brasil. A informação foi revelada no Twitter oficial do Ministério da Agricultura do Chile.
Reação dos Estados Unidos
Ainda na sexta-feira, o governo dos Estados Unidos informou que está “monitorando” a situação no Brasil.
“Neste momento, o Serviço de Segurança e Inspeção de Alimentos (FSIS, na sigla em inglês) do Departamento de Agricultura (USDA) está trabalhando com funcionários do USDA no Brasil para saber mais sobre esse assunto. Também estamos em contato com o Ministério da Agricultura brasileiro e continuaremos monitorando a situação”, dizia o órgão na nota.
Carne fraca
Deflagrada na sexta-feira (17) pela Polícia Federal, a operação investiga o envolvimento de fiscais do ministério da Agricultura em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos. Segundo a Polícia Federal, fiscais recebiam propina e não realizavam a fiscalização adequada.
A investigação indica que eram utilizadas substâncias químicas para maquiar carne vencida, e que água era injetada nos produtos para aumentar o peso. Gravações telefônicas apontam que vários frigoríficos do país vendiam carne vencida tanto no Brasil quanto no exterior.
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Além das prisões, a Justiça Federal determinou o bloqueio de até R$ 1 bilhão das contas bancárias das 46 pessoas investigadas, e o Banco Central informou o bloqueio de pouco mais R$ 2 milhões.
Já o Ministério da Agricultura anunciou que 33 servidores da pasta foram afastados em decorrência da investigação. A pasta também interditou três frigoríficos, localizados em Goiás, Santa Catarina e Paraná.
Empresas envolvidas
A operação atingiu algumas das principais empresas do setor, como a BRF, que controla a Sadia e a Perdigão, e a JBS, responsável pelas marcas Friboi e Seara. Os grupos garantem a qualidade de seus produtos.
Em nota, a JBS admitiu que três de suas fábricas foram alvo da operação, mas repudiou a adulteração de produtos e afirmou que a empresa e suas subsidiárias “atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas”, diz a nota. (veja íntegra no fim da reportagem)
Em nota enviada ao mercado, a BRF informou que está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A BRF é acusada de pagar propina para evitar o fechamento de uma unidade em Mineiros (GO), que produz aves para exportação, e que teria exportado carga contaminada, segundo informações na decisão da Justiça Federal.
“A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua”.
A Central de Carnes Paranaense, dona das marcas Master Carnes, Souza Ramos e Novilho Nobre, esclareceu em nota que recebeu a visita dos policiais, mas que nenhum de seus funcionários foi detido. A empresa disse que está colaborando com as investigações, que classifica como “de suma importância para uma concorrência leal do mercado” e que está comprometida “com a verdade e com a ética”.
Em nota, o Grupo Argus declarou que obedece rigorosamente às observações sanitárias e de qualidade determinadas, sem solicitar quaisquer favorecimentos ao Sistema de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura em detrimento da qualidade de seus produtos, e se solidariza com a ação que deve trazer benefícios significativos ao setor. No âmbito da operação, todo o corpo diretor e administrativo do grupo está inteiramente à disposição das autoridades policiais.
A E. H. Constantino informou que está colaborando com as investigações e, questionada, declarou não ter ligação alguma com os grupos JBS e BRF.
A Primor Beef informou que o dono está viajando e ninguém da empresa tem autorização para comentar sobre o assunto.
Partidos e políticos citados
O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, é citado na investigação. Em conversa grampeada quando ele ainda era deputado federal, Serraglio chama o ex-superintendente regional no Paraná do Ministério da Agricultura, Daniel Gonçalves Filho, de “grande chefe”.
Segundo a PF, a investigação apontou que parte da propina ia para o PMDB e o PP. O PMDB informou que desconhece o teor da investigação, e o PP ainda não se manifestou.
Com informações do G1
Entendo que o Governo como defensor dos interesses da população deveria cumprir seu papel, de agente fiscalizador, o que ocorreu foi o contrário, ele se tornou um cúmplice de um crime contra a saúde do povo. Pela dimensão do problema, trata-se de uma quadrilha. Eles tem de serem julgados e pagarem pelos seus crimes, seja as empresas envolvidas como os agentes do governo. Morar num país como o nosso nos dá vergonha. Tudo indica que no final tudo vai dar em pizza, e se brincar pizza com papelão!!!!!!!!!!!