Por que Ciro Gomes – terceiro colocado no primeiro turno da eleição presidencial deste ano – viajou, inesperadamente, para a Europa, onde gozará férias de uma semana, ou duas ou três, levando consigo a escada da esperança de uma aliança do PDT com o Partido dos Trabalhadores no segundo turno, a ser travado no próximo dia 28?
Essa súbita viagem deixou os grandes caciques do PT, principalmente seu presidenciável Fernando Haddad, com a brocha na mão.
Pessoas ligadas ao ex-deputado, ex-prefeito de Fortaleza, ex-governador do Ceará, ex-ministro da Fazenda, ex-ministro da Integração Nacional e três vezes ex-presidenciável, disseram ao blog que Ciro preferiu, desta vez, não comprometer-se com a candidatura petista.
No primeiro turno da eleição presidencial de 2002, logo após a já prevista derrota de sua candidatura, Ciro foi procurado pelo vencedor Luiz Inácio Lula da Silva, que lhe pediu apoio para o segundo turno. Convite aceito. Finda a eleição, Lula deu a Ciro o Ministério da Integração Nacional.
Agora, antevendo as dificuldades crescentes do candidato do PT, Ciro Gomes e sua família voaram para a Europa, desprezando os apelos petistas pelo seu apoio neste segundo turno.
Foi a forma que Ciro encontrou como resposta à maneira como a cúpula do PT – principalmente Lula – o tratou, de modo até humilhante. O que esse gesto ainda vai causar não se sabe. Tem-se, porém, a certeza de que as relações de Ciro Gomes com o Partido dos Trabalhadores entraram em rota de colisão. Pelo menos por enquanto. Afinal, a política é como a nuvem: em 10 segundos, ela muda.
Segundo as pesquisas, Ciro seria o único dos candidatos a vencer Jair Bolsonaro – o fenômeno popular do PSL – no segundo turno da eleição presidencial. Ciro procurou viabilizar uma aliança com o PT, mas Lula – manobrando diretamente da prisão em Curitiba os cordéis do seu e de outros partidos, como o PSB e o PCdoB, rifou-o. Por que? Um petista cinco estrelas do Ceará respondeu: “Lula não confia em Ciro”. O blog repetiu a mesma pergunta: por que? A resposta foi esta: “Ciro é inteligente demais e logo tomaria de Lula a liderança das esquerdas”.