Presidente da Rússia Vladimir Putin falou sobre as eleições no Brasil e o que pensa de Bolsonaro e Lula

A palestra de Vladimir Putin, seguida de uma sessão de perguntas e respostas, que aconteceu ontem, quinta (27),durou três horas e meia e teve como tema “Um mundo pós-hegemônico: Justiça e segurança para todos”. Aos membros do Clube de Discussão Internacional Valdai, um think tank aliado ao Kremlin, o presidente da Rússia atacou o Ocidente e fez uma advertência. “Estamos em uma fronteira histórica. À frente está provavelmente a década mais perigosa, imprevisível e ao mesmo tempo importante desde o fim da Segunda Guerra Mundial (em 1945)”, declarou Putin, que trava uma guerra contra a Ucrânia desde 24 de fevereiro passado, quando ordenou suas tropas a invadirem a ex-república soviética. O ataque deliberado provocou condenação internacional e imposição de sanções financeiras. 

Durante a sessão de perguntas e respostas, no Clube de Discussão Internacional Valdai, em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, foi questionado sobre as eleições brasileiras. “Tenho boas relações com Lula (PT), com Jair Bolsonaro (PL). Não interferimos em processos internos. (…) Sabemos que, apesar de situações difíceis dentro do país, eles têm consensos sobre a cooperação com a Rússia, sobre a cooperação com o Brics. Temos um consenso sobre a relação com o Brasil”, respondeu Putin. “Consideramos o Brasil um parceiro essencial na América Latina. É isso que é, e faremos tudo para desenvolver essa relação no futuro.”

Em 16 de fevereiro, oito dias antes de a Rússia invadir a Ucrânia, Bolsonaro esteve em Moscou e foi recebido por Putin em um encontro de três horas. Em entrevista ao Programa do Ratinho, do SBT, o presidente brasileiro assegurou que “tudo o que foi acertado”, durante a conversa, Putin cumpriu. “Chegaram uns navios aqui, e temos fertilizantes para até meados do ano que vem garantidos”, disse Bolsonaro. “Não tenho como evitar a guerra, mas não posso trazer a fome para dentro do Brasil por uma coisa tão pessoal.”

Angelo Segrillo, professor de história da Universidade de São Paulo (USP), avaliou que a relação entre Putin e Bolsonaro cresceu desde 2019. “O presidente brasileiro nunca foi um expert em política externa. Com o tempo, ante as dificuldades de matérias-primas e de fertilizantes, por conta da guerra na Ucrânia, Bolsonaro fez uma aproximação pragmática da Rússia. Surgiu a afinidade pela pauta de costumes”, explicou ao Correio.

Ele lembrou que, durante o governo Lula, o Brasil assistiu a uma escalada na relação com a Rússia, dentro dos Brics — grupo formado também por Índia, China e África do Sul. “FHC deu o primeiro passo, ao criar a Câmara de Cooperação com a Rússia, mas ela não era prioridade. Até por pregar uma política externa mais assertiva do Brasil, Lula viu a possibilidade de relacionamento com a Rússia e a China alavancar o Brasil no cenário mundial. Na busca por um mundo multipolar, a Rússia acha interessante ter o Brasil como parceiro, a fim de aumentar a influência na América Latina”, analisou Segrillo. “Quem quer que ganhe as eleições, Putin continuará a manter pontes com o Brasil.”

 

Do Correio Brasiliense

 

Elias Lacerda

Jornalista apaixonado pela notícia e a verdade

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