Se alguns seres humanos têm uma vida épica, a jovem Luana Alessandra Roeder, de 28 anos, é um deles. Nascida no dia 29 de setembro de 1989, Luana Alessandra Roeder foi abandonada pela mãe, ao nascer, na Maternidade Dona Evangelina Rosa, no bairro Ilhotas, na zona Sul de Teresina, e um juiz a encaminhou para o Orfanato Maria João de Deus, que, na época, funcionava no bairro Aeroporto, na zona norte da capital piauiense.

Nas suas primeiras seis semanas de vida, Luana Alessandra Roeder conquistou o coração da agrônoma alemã Reinhild Roeder, que quando viu o bebê no Orfanato Maria João de Deus e começou a lutar pela doação da criança, que mais tarde veio demonstrar uma inteligência excepcional.

“Em três meses, eu consegui levar Luana para casa. Fiquei tão feliz quando consegui adotá-la. Passei a amá-la assim que a vi”, recorda Reinhild Roeder, que tem uma casa na praia de Barra Grande, no município de Cajueiro da Praia, no litoral do Piauí, mas mora na Alemanha, fazendo sempre a ponte aérea com Brasília, onde mora sua filha.

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No dia 15 de janeiro, Reinhild Roedel voltou a ficar muito emocionada e feliz. Sua filha piauiense Luana Alessandra Roeder tomou posse, no Itamaraty, após ser aprovada no concurso público do Instituto Rio Branco para admissão à carreira de diplomata do Ministério das Relações Exteriores, como a primeira mulher negra do Piauí a conquistar essa façanha.

O Piauí tem outra mulher na carreira diplomática, Maria Dulce Barros, que foi embaixadora do Brasil em Cabo Verde e Costa Rica e atualmente é cônsul geral do Brasil em Portugal.

Após conseguir toda a documentação e conseguir a doação, Reinhild Roedel levou Luana Alessandra Roeder para a Alemanha. Quando tinha 11 anos de idade, Luana Alessandra acompanhou Reinhild Roedel, que foi trabalhar em Angola (África) com segurança alimentar na assistência aos refugiados internos, e como o país enfrentava uma guerra, a mãe decidiu matricular a filha em um colégio em regime de internato na Namíbia , onde a criança passou a falar fluentemente em inglês, o que a ajudou, agora, na aprovação no concurso do Instituto Rio Branco, já que tinha aprendido alemão no país onde morava e português em Angola.

Após concluir seu trabalho em Angola, Reinhild Roedel voltou para a Alemanha e resolveu, por amor à filha e ao Estado, morar em Teresina, onde Luana Alessandra Roedel encontrou no colégio Lerote, na zona Leste de Teresina, uma direção capaz de aceitar seu histórico escolar vivido em vários países.

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“Agradeço ao colégio Lerote porque a recebeu para estudar. Não demorou muita ela adaptar-se ao português e à escola”, lembra Reinhild Roedel, que em Teresina tinha a empresa de plantas e paisagismo Viveiro de Sabiá.

Luana Roedel terminou o ensino médio no colégio Lerote e estava determinada a seguir a carreira diplomática. Por isso, Reinhild e Luana foram morar em Brasília. Luana foi aprovada para o curso de Relações Exteriores da Universidade de Brasília.

Após sua formatura, Luana Roedel estudou seis anos seguidos para ser aprovada para a carreira diplomática, uma das mais seletivas do Brasil. Quando estava em seu curso preparatório, Luana Roedel trabalhava pela manhã no Instituto Goethe, ministrando aulas de alemão, e o resto do tempo era dedicado aos estudos para atingir o sonho de ser diplomata.

O Governo Federal oferece bolsas para jovens estudantes negros fazerem o curso preparatório para o concurso do Instituto Rio Branco para admissão à carreira diplomática no Ministério das Relações Exteriores.

“Luana sempre foi estudiosa e desde cedo tinha a meta de ser diplomada. Eu fiquei tão emocionada quando tomou posse. Sei que será uma grande diplomata como é uma grande filha”, fala, emocionada, Reinhild Roedel, que tem outra filha, administradora pública Lillas Roedel, assessora de um parlamentar do Partido Verde no Congresso da Alemanha, e foi quem pediu uma irmã para a mãe, que veio encontrá-la no Piauí.

Poliglota, Luana Roedel escolheu outro idioma para estudar no Instituto Rio Branco, russo.

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(Do portal Meio Norte)