Saúde

Reflexões sobre o panorama ambiental atual no Brasil: de Brasília à Timon

Acredito que o governo Bolsonaro nem “sonhava” que teria a área ambiental como o seu “calcanhar de Aquiles”. A postura e as políticas ambientalistas do governo vão na contramão da maior parte dos países, do mundo globalizado: sucateamento proposital do Ministério do Meio Ambiente, dos dispositivos técnicos para se combater a degradação ambiental, o perigoso e desconcertante “flerte” do ministro de meio ambiente com garimpeiros e grileiros, a perda do fundo Amazônia que fez e faz muita falta durante o aumento vertiginoso de queimadas na Amazônia, a pior tragédia da história do Pantanal sem ações adequadas de combate (segundo as autoridades orquestrado e criminoso), o não cumprimento de acordos e tratados assinados pelo Brasil. O nosso País não ser convidado há poucos dias para reunião na ONU com 80 chefes de nações por conta de sua clara agenda antiambientalista é algo vexatório e preocupante.

Sabe aquele ditado: quando começa muito torto fica muito complicado pra endireitar o “troço”? Então… para seara ambiental já começamos com um ministro que já foi responsável pela pasta de meio ambiente em São Paulo e condenado em primeira instância por fraude ambiental. Vou além: ainda responde por processos por coagir funcionários para participar da “balbúrdia do mau”, para “passagens de boiadas” a perder de vista. Está em vídeo: vamos aproveitar e passar a boiada… Cito outro grave problema: a militarização do governo – com aumento de mais de 60% de militares em cargos de alto escalão, realidade escancarada no Ministério do Meio Ambiente.

Tenho todo respeito pelas forças armadas, mas a constituição brasileira é soberana e deixa muito claro quais são as atribuições desses importantes profissionais. A analogia pode parecer idiota, mas parece que, de repente, os militares se tornaram “células totipotentes” (células que se transformam em qualquer tipo de célula, cada qual com diferentes funções), ou seja, podem exercer qualquer função técnica e estratégica no Brasil varonil: do ministério da saúde ao lugar de técnicos ambientais gabaritados com anos de labuta. Embasamento técnico para quê se temos profissionais “totipotentes”?

A fala do maior autoridade de nosso exército há poucos dias deixa claro a lucidez de uma porcentagem importante de militares que sabem muito bem quais são suas funções segundo a lei: política dentro dos quartéis não! Parece que o ministro da saúde, senhor Pazuello, ainda não entendeu a mensagem. Quer ocupar cargo político vai para reserva: simples assim? Depende.. reitero o aumento de mais de 60% na gestão atual.

Este governo não imaginaria tamanha pressão interna – reunião com 70 empresários brasileiros influentes para pressionar o vice-presidente a tomar as devidas

providências. Porém, como já alertei, o sr. Mourão não é totipotente e a a missão de preservar a Amazônia, bem como a nossa biodiversidade, requer conhecimentos técnicos e de gestão da área, coisa que nosso vice-presidente e boa parte de sua equipe obviamente não tem. Poderiam contribuir e não coordenar.

A pressão internacional aumenta a cada dia. A vitória de Biden nos Estados Unidos sinaliza um aumento ainda maior de pressão com fortes possibilidades de sansões econômicas sobre nossos produtos agropecuários, seara que mais gera emprego e renda no País. Pronunciamentos desastrosos dos filhos do presidente tem gerado ruídos com a China – potência mundial e mercado importante para exportação de nossos produtos – e até com outros países e atores importantes. Até com Israel, com quem andavam de mãos dadas, conseguiram se desentender: foram tocar na profunda ferida do holocausto, ou seja, “riscaram palito de fósforo e jogaram na pólvora”.

Interessantemente até o ministério da Agricultura andou mudando um tanto o discurso “agrotóxico” e lançou edital para área de sustentabilidade. Se a situação econômica do país vai de mau a pior, agravada pela pandemia, imaginem sansões econômicas para os nossos principais produtos – Brasil “vai de vez para o ralo”, ou melhor, os pobres que correspondem a mais de 80% de nosso povo e com número elevado de cidadãos vivendo na linha de extrema pobreza – o número só aumenta. Querem resolver com “pólvora”. Será que já não temos “barris de pólvora” demais aqui dentro prestes a explodir? A pandemia, a inflação, o índice de desemprego, o PIB, a criminalidade, a miséria, os problemas diplomáticos, o risco de sansões econômicas.

Apresento aqui, humildemente, a seara chave para superarmos gradualmente tamanha crise, a SUSTENTABILIDADE, que requer um diálogo harmônico entre três parâmetros: o econômico, o social e o ambiental. O que era uma tendência clara para os próximos anos está às portas batendo com muita força. Àqueles que resistirem “entrar de cabeça” na área da sustentabilidade no mundo atual super globalizado pós-pandemia restará o atraso e o arrependimento. Não há como fugir da revolução 4.0. E o Maranhão? E Timon? O que a seara ambiental e da sustentabilidade nos reserva para cidade das flores e de muitas riquezas naturais não utilizadas? Terá outra vez uma secretaria ambiental pouco eficiente, relegada a moeda de troca por apoios político partidários, sem um gestor com perfil técnico ou será diferente? Espero de coração que seja a segunda opção, mas isso é assunto para o próximo texto. Até mais.

CLEUTON LIMA MIRANDA é timonense, biólogo e pós-doutor em Biodiversidade e Conservação. Atualmente iniciou outro pós-doutoramento financiado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, docente, escreve textos de popularização da Ciência e ministra palestras. É pesquisador e técnico associado ao Instituto Casa das Atalleas, com sede em Gov. Newton Belo, Maranhão. É consultor SEBRAE PIAUÍ. Tem interesse em Conservação e uso sustentável da Biodiversidade (projetos sócioeconômicos ambientais), com ênfase para espécies de nossa região: babaçu, buriti, macaúba, breu-branco e carnaúba. Atualmente faz também mentoria com o coach empresarial Lucas Retondo (https://www.linkedin.com/in/lucasretondo/?originalSubdomain=br) sobre empreendedorismo e startups ambientais e sustentáveis (Bioeconomia). Link para curriculo lattes: http://lattes.cnpq.br/779740665875515

7 Comentários

  1. Texto muito bem abordado, coerente e necessário para todo leitor/povo brasileiro. Uma matéria pra gerar consciência! Parabéns!

    1. Obgado Davi. O intuito e esse: informar, sensibilizar e ate ouvir ideias diferentes. Compartilhe e acompanhe, de sugestoes. Abcoo

  2. Texto necessário e mega oportuno, visando a realidade do povo! Muito bem detalhado, gera consciência! Parabéns ao autor!

    1. Olha esse elogio vindo de uma profissional tao competente e gabarita me encoraja a continuar e melhorar. Obgado, minha querida. Katiane e doutora em Biologia e coord do curso da ufmt

  3. O texto reflete a situação agravante do nosso meio ambiente em todo o país, que antes era verde devido o pulmão do mundo . E, que aos pouco está sendo destruídos e até mesmo acabando todo nossa fauna e flora. E, porque não o ser humano . Não podemos jamais ser considerada uma nação octogenaria ou que tenha longivindade. Pois , não acredito que podemos ter saúde próximo a poluição sem oxigênio puro, e com os alimentos contaminados, estes ricos em agrotóxicos . Jamais, podemos esquecer que o stress ambiental também mata os humanos . O som exorbitante , o calor, os raios ultravioleta dentre outros poluentes. Os supracitados são responsáveis pela destruição da vida . Água de qualidade e pura e, abundante está acabando . O calor cada vez mais quente , queimando as vidas da terra.
    Portanto, o que o homem político, o que o homem não político podem contribuir pra ver suas gerações vindouras vivas -, seus filhos , seus netos , seus bisnetos (…). Todos em vida plena e saudável . Não esqueçamos a palavra longevidade x ambiente limpo.
    (…) Não basta só exercícios físicos , passividade; aonde fica o meio ambiente no tocante a longa “VIDA”.

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Elias Lacerda

Elias Lacerda

Elias Lacerda
Jornalista apaixonado pela notícia e a verdade