Ministério Público faz ação para combater regalias em presídio de Anápolis
Saídas para casa e bancos
A investigação apontou que muitos presos não trabalhavam, mas tinham os dias descontados da pena como se tivessem trabalhado a semana toda sem descanso. Eles também negociavam saídas para visitar a família ou festas.
Segundo os promotores, também havia detentos que íam quase todos os dias para agências bancárias. “A saída temporária só pode ser autorizada para visitar velório ou hospital, mas constatamos que era um método corriqueiro. Agentes até digitavam as senhas de presos”, detalhou o promotor.
Na sala do diretor os policiais apreenderam um caderno com o registro de pagamentos de vários presos e até cartões deles. Os promotores estimam que o valor negociado ultrapassa R$ 1 milhão.
“Havia uma contabilidade paralela com nome de todos os presos, o dinheiro entregue por detentos, tudo na mesma pasta. Não sabemos se o total é mensal, do ano. Sabemos que é superior a sete dígitos”, disse o promotor de Justiça Ramiro Cartenedo.
Operação apreendeu dinheiro, facas e dezenas de celulares em presídio de Anápolis (Foto: Divulgação/MP-GO)
Os detidos na operação são investigados por associação ao tráfico de drogas, associação criminosa, tráfico de drogas, corrupção ativa e passiva , ingresso de aparelhos celulares e homicídio.
“Agora vamos analisar toda documentação, oferecer denúncias do que está materializado, aprofundar as investigações e inquéritos estão sendo instauramos junto com a Polícia Civil”, concluiu Galindo.
O superintendente executivo da Seap, tenente-coronel Newton Castilho, explicou que o responsável pela regional de Anápolis assumirá a unidade provisoriamente. “Ele designará um novo dirigente e reformulará, se necessário, todo o quadro de servidores”, explicou.
Em nota divulgada nesta manhã, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) informou que a ação é um resultado de investigações feitas pelo próprio órgão e que foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão contra três servidores. Também foram expedidos mandados de prisão e ordem de transferência contra quatro reeducandos.
Castilho destacou que o governo apoia a investigação. “O nosso maior bem são os servidores, em nome deles, dos que trabalham dignamente, a Secretaria recebe com satisfação a operação, com a qual colaborou desde o início, contra servidores que cometem crimes que chocam a sociedade”, defendeu o tenente-coronel.
Policiais durante operação contra regalias a presos em Anápolis (Foto: Divulgação/MP-GO)
Na primeira fase, realizada em setembro, um agente prisional e três ex-agentes foram presos. Segundo o Ministério Público, um dos suspeitos chegou a receber R$ 500 mil para fornecer benefícios a um reeducando.
Um vídeo mostra o momento em que um preso é levado por agentes prisionais para visitar família na Região Metropolitana de Goiânia. Durante a visita, o detento, que havia sido condenado a 36 anos de prisão pelo crime de tráfico de drogas, encontra familiares e até abre uma bebida (veja acima).
Cerca de 20 minutos depois, um agente recebe algo do preso e divide com os demais. Segundo o MP-GO, seria um maço de dinheiro com a quantia de R$ 6 mil.