Duas operações da PF tiveram sigilos como moeda de troca no esquema envolvendo servidor e blogueiros
Pelo menos em duas operações realizadas pela Polícia Federal no Maranhão os dados sigilosos vazaram para alimentar blogs e facilitar a prática de extorsão perante os envolvidos. Foi o que adiantou o delegado Max Eduardo durante coletiva concedida nesta terça-feira, 21, na sede da Polícia Federal no Maranhão para esclarecimentos sobre a Operação Turing, envolvendo o servidor da PF Danilo Santos da Silva e blogueiros da mídia local. Turing foi um britânico considerado pai da computação.
Nas operações Lilliput, em fraude envolvendo empresários da construção civil; e Sermão aos Peixes, sobre desvios de recursos da saúde em três estados, o esquema desmontado pela PF atuou efetivamente. Ambas foram deflagradas entre 2015 e 2016, período de cobertura das investigações. Na verificação do modus operandi, a PF retrocedeu ao ano de 2013.
Na Lilliput figurava como protagonista o empresário Antônio Barbosa de Alencar, da Dimensão Engenharia. Na Sermão aos Peixes, o alvo das denúncias recaíram sobre o ex-secretário de Estado da Saúde, Ricardo Murad, cunhado e aliado político da ex-governadora Roseana Sarney. Parte de uma fala de Murad em depoimento motivou a condução coercitiva de um blogueiro na Operação Turing.
“As pessoas eram chantageadas até o ponto em que se sentiam obrigadas a realizar desembolso para que cessassem as postagens”, destacou o delegado. Empresários e políticos eram procurados na intenção de permutar o silêncio por dinheiro e vantagens. Houve solicitação de emprego atendido pelo agente que ocupou cargo na Secretaria Adjunta de Administração Penitenciária.
Max Eduardo confirmou a prisão preventiva – com duração prevista de cinco dias – de quatro blogueiros e do policial federal Danilo Santos da Silva entre outros nomes que prometeu publicar oficialmente em nota.
Além de causar embaraço as investigações sigilosas e danos à imagem de pessoas públicas, o esquema movimentou vantagens pecuniárias que variavam entre R$ 1.500 e R$ 10 mil por postagem. Havia casos em que a postagem deliberadamente vinculava protagonistas da notícia a parentescos com políticos, às vezes muito distante. Tudo com objetivo de fazer chantagem.
Segundo o delegado, o agente da Polícia Federal cambiava informações sigilosas pela construção de imagem positiva com objetivos eleitoreiros. Nas investigações foram utilizadas interceptação telefônica, diligências de campo e até mesmo imagem captadas em um motel onde o grupo se reuniu para discutir ações. “Tudo esse material comprova o dolo do crime”, enfatizou o delegado.
(Do blog do Marrapá)